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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

2ºCEB a tempo inteiro!!!!!

Soube da notícia ontem.
Recebi-a por mail hoje.
Copio-a aqui e, claro, tenho que deixar os meus comentários...porque isto, minha boa gente...é assim...nem sei se ria, nem sei se chore.


2ºCEB a tempo inteiro!!!!!


Pais concordam com escola a tempo inteiro no 2.º ciclo
Lusa 2008-02-12
A confederação que reúne as associações de pais concorda com o alargamento do conceito de "escola a tempo inteiro" ao 2.º ciclo, defendendo ainda uma redução do número de disciplinas e a sua reorganização por áreas de saber.

A ministra da Educação revelou hoje, em entrevista à Agência Lusa, que o Governo vai alargar ao 2.º ciclo o conceito de "escola a tempo inteiro" que introduziu no 1.º ciclo, reorganizando o horário e o currículo, nomeadamente através da concentração de disciplinas.

(então para quê continuar a chamar de 2º ciclo?)

Maria de Lurdes Rodrigues explicou que o modelo será muito semelhante ao do 1.º ciclo, sendo remetidas para "o final do dia" as actividades de enriquecimento curricular ligadas às expressões e ao estudo acompanhado, de forma a "concentrar na parte lectiva o essencial das actividades associadas à aquisição de competências básicas".

(então para quê continuar a chamar de 2º ciclo? Partem do princípio que a "inspiração" para artes apenas surge no final do dia?)

No âmbito da revisão do currículo do 2.º ciclo, que estará concluída até Março, o Ministério da Educação quer ainda concentrar algumas disciplinas para reduzir o número de docentes a leccionar em cada turma.

(pega-se na História e adiciona-se E.M.R.C.; depois de bem envolvidas juntam-se as Ciências com o Inglês sem esquecer uma pitada de numerais decimais e pronomes reativos. Após um brevíssimo intervalo, associa-se a 1ª dinastia com as plantas... - tenham dó!!)

"Iremos trabalhar com o Governo na implementação desta medida procurando aproveitar a experiência adquirida com a 'escola a tempo inteiro' no primeiro ciclo e procurar evitar os constrangimentos práticos que a medida teve na aplicação" à antiga primária, afirmou à Lusa Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), lembrando que a medida estava prevista e pretende acertar o ensino português com o que é praticado no resto da Europa.

(experiência adquirida?????? LOL Obrigar os miúdos a estarem numa sala de aula sempre a ouvir a mesma voz, a ver o mesmo professor. Vamos supor - é hora de colocar a imaginação a trabalhar - que o/a professor/a que está perante uma turma de 28 alunos, é simplesmente inanimado, ou seja, daqueles que utiliza o mesmo tom monocórdico para transmitir conhecimentos, aquele que não é dinâmico e por muito que saiba e explique não consegue chegar ao nível dos nossos alunos. Eu sei que ainda existem colegas assim - e a quem lhe servir a carapuça...! Que rendimento terá uma turma numerosa? Obrigada a permanecer numa sala de aula com estas condições? E se o/a professor/a for exactamente o inverso? Será uma turma de "sortudos" porque tem horas e horas a fio alguém capaz de motivar para a aprendizagem.
Isto é um tema muito delicado, eu sei, mas é a mais pura realidade.
Agora, vocês, da minha geração e não só, ainda se lembram do nosso 2º Ciclo?
Quantos professores tivemos? Quantas disciplinas tivemos? Não foi tão bom? Não aprendemos? Ficamos traumatizados com o facto de termos TANTOS professores e disciplinas?
NÃO! Vos garanto que não.
Uma outra parvoíce, para não lhe chamar outra coisa, é insistir na comparação de Portugal com os outros países da Europa. Vamos andar semre rebocados? Como é que é possível por em prática medidas que resultam noutros países devido a imensos factores (políticos, culturais, sociais) e que no nosso Portugal é impensável devido à discrepância e ao desfazamento desses mesmos factores? Como é que podemos comparar o ensino na Finlândia, por exemplo, com o ensino em Portugal? E o que mais me indigna é haver pessoas que insistem em comparar o ensino português com os outros países, e "copiar" as medidas lá utilizadas, implementando-as cá.
Por acaso já fizeram alguma comparação com o sistema de saúde nesses mesmos países?
Comecem por aí!!

Entre os principais "constrangimentos" verificados na aplicação da medida ao 1.º ciclo, o responsável pelas associações de pais salienta edifícios deficientes e "instalações sem cantinas, pavilhões gimnodesportivos para a componente lúdica e sem salas para a componente de música".

Esse senhor que venha dar uma voltinha pelas escolas todas e veja a realidade pelo país fora!
Já agora deveria ter referido a falta de condições básicas e sanitárias de algumas escolas.
É impressionante observar que a CONFAP diz Amen a tudo o que o Ministério quer fazer. Já algumas vezse questionaram acerca disso?
Eu por acaso não me importava nada de estar também na CONFAP, visto que as remunerações são elevadíssimas. E o que esse senhor ganha...

"Queremos acreditar que, no caso do 2.º ciclo, pela configuração das escolas, este problema não se porá com a mesma acuidade do 1.º ciclo", afirmou. "As escolas EB 2/3 têm esses equipamentos, mas resta saber se é possível articulá-los com o modelo de funcionamento de uma escola a tempo inteiro que tenham estas actividades e outras relativas a miúdos do quinto e sexto anos", realçou.

Ora aqui está o âmago da questão!!!!!!
Mostrem-me por favor onde estão os equipamentos nas EB 2,3.
Vejamos o exemplo dos pavilhões gimnodesportivos, que têm, na maior parte das vezes 3 ou 4 turmas a ter Educação Física ao mesmo tempo. Ora "metem-se" 112 crianças no pavilhão a correr, a jogar, a exercitar músculos etc e depois "metem-se" essas mesmas crianças num balneário para o duche! Lindo, não é?
Mas ainda estou com aquela cena das expressões ao fim do dia a martelar aqui na cabeça!

Os pais concordam ainda com uma redução das cargas horárias e defendem o reagrupamento das actuais disciplinas por áreas de saber.

Concordo com a redução da carga horária...mas então já não será uma 'Escola a tempo inteiro', certo? Será Escola a Part-time?
Para essa redução ser exequível terá de haver uma redução drástica nos currículos das disciplinas. E agora fico mesmo sem saber o que realmente este Ministério quer, se sucesso escolar (pelo saber) ou por outra coisa qualquer (assiduidade, talvez)!

"Há muito tempo que nós dizemos que os currículos do 2.º ciclo e do 3.º ciclo têm de ser revistos. São currículos imensos e faz sentido agrupar as disciplinas por áreas e, nesse ponto de vista, nós não partilhamos a ideia de que possa ser feito por um professor único", defende, realçando que "deve haver pelo menos um professor de língua portuguesa, um professor de matemática e um professor de expressões", as três áreas que considera fundamentais no currículo do segundo ciclo, onde as crianças chegam depois de quatro anos com um só professor.

E lá volto à mesma questão: então para quê continuar a chamar de 2º ciclo? E que nome será dado ao actual 3º?
Ah! Tenho que fazer uma pequena correcção! As crianças não chegam a ter apenas um professor durante os quatro anos no 1º Ciclo. Isso só acontece quando os docentes se encontram efectivos no quadro de escola e "agarram" numa turminha logo no seu 1º ano e ensinam até o 4º. Mas então e as Actividades de Enriquecimento Curricular no 1º Ciclo? As crianças já têm mais do que 1 ou 2 professores. Estão traumatizadas? Não! Pelo feedback que tenho posso afirmar a 100% qe as crianças do 1º Ciclo gostam imenso de ter essa pequena variedade de pofessores à la carte. Só que infelizmente uns "iluminados" pensam que isto é prejudicial. Mas tenho uma teoria que escreverei no final.



"Este é um enorme trambolhão que as crianças dão e, portanto, faz sentido trabalhar por áreas e reduzir o currículo. Esta medida deve procurar recolher o melhor do que são não só as experiências de outros países como ainda a aplicação da medida ao 1.º ciclo cá", disse, considerando que trabalhar por áreas de saber contíguas, como matemática e físico-quimicas, por exemplo, será benéfico para os alunos de forma a reduzir as aulas, as disciplinas e o peso das mochilas, por exemplo.

Trambolhão? As crianças dão-no porque os tais "iluminados" as empurram violentamente!
Acho que as experiências do ensino de há pelo menos 20 anos atrás (no mínomo) é que deveriam ser recolhidas.
Quanto ao peso das mochilas... Quantos livros para a disciplina de Matemática são precisos? 2,3 ou 4. E para Língua Portuguesa? 2 ou 3. Inglês: 2, História: 2, Ciências: 2 ou 3, etc, etc...
Eu tive um livro para cada disciplina e vos garanto que aprendi! E não existiam cacifos na minha escola. Não tinhamos um caderno para cada disciplina. Usávamos uma capa de argolas com blocos de folhas. Incrível! Cabia toda a matéria lá!!
Pensem na reformulação dos livros, reduzir, diminuir.
Um aluno que tenha numa manhã de aulas as disciplinas de: Inglês, Matemática e História equivale a trazer na sua mochila: 6 livros, 3 cadernos, porta-lápis, um ou dois portefólios. E agora se por acaso nesse dia esse mesmo aluno tiver aulas de Educação Física de tarde terá ainda que carregar uma mochila com o equipamento. Isto sim, é violento, concordo. Então há que reduzir o número de livros em primeiro lugar. E pensar noutras medidas depois.


Estou farta de pensar no porquê de surgirem estas ideias da massa cinzenta dos entendidos no Ministério da Educação e farta de ver o apoio incondicional das Associações de Pais às descobertas de medidas fenomenais da Ministra.
FARTA!

Muitas vezes penso: será que alguma vez na vida estes "senhores" foram crianças?
Será que durante a infância, estes "iluminados" foram vítimas de maus tratos, de violência doméstica, infantil ou outros?
Será que por terem sido tão massacrados na escola (resta saber a razão) se estão a vingar desses velhos tempos e atiram-nos com isto tudo?
Será que é mesmo verdade o que dizem: a Ministra deita-se a pensar [ Como é que vou lixar os professores amanhã?] e acorda a pensar: [Como é que vou lixar os professores hoje?]
Começo a acreditar que há uma explicação no inconsciente de cada um que inventa uma medida fantástica.
Psicólogos, psiquiatras, terapeutas, neurologistas precisam-se!

Agora viro-me para os alunos.
O que será que eles pensam acerca disto tudo?
Qual a opinião deles?


E agora é a vez dos pais.
Já se esqueceram do vosso tempo de escola?
Daqueles anos em que tinham uma "carrada" de disciplinas e professores, oh meu Deus, isso de alguma forma afectou-vos o crescimento intelectual?
Já não basta enclausurar os meninos numa sala para ter aulas de substituição enquanto podiam estar a brincar, a conversar, a crescer? Sim, porque nós aprendemos a ser sociáveis e a desenvolver as nossas amizades durante essas horitas em que não havia aulas.

Deixo-vos o link do texto comentado. Amei o comentário do Carlos Nunes, Torres Novas.
Não deixem de ler por favor porque é a mais pura verdade.

http://www.educare.pt/educare/Actualidade.Noticia.aspx?contentid=45FB3C293A7E1812E04400144F16FAAE&channelid&opsel=1


Onde vamos parar?

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